Ana mudada

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Perfil da repórter da Comunicaqui! Ana Paula Viana Saraiva, escrito por sua colega Julmara Mendes

Nos primeiros dias de aula do curso de Jornalismo da UniBrasil, no início de 2012, a sala contava com quase 30 pessoas. Tudo era novidade e, como é normal no começo do ano letivo, todos estavam animados. Ou melhor, quase todos. Uma moça permanecia em silêncio. Dificilmente ouvia-se a sua voz. E, embora sua presença quase não fosse notada em meio ao burburinho da turma, nada escapava ao seu olhar. Sentada na parte dos fundos da sala, Ana Paula Saraiva entrava muda e saía calada. Não fazia questão nenhuma de cumprimentar os colegas. Parecia não querer dar margem às conversas, para evitar que se transformassem em novas amizades. Mantinha-se na dela. Porém, quando era convocada a falar, normalmente era em tom de reclamação ou insatisfação. Parecia que tudo estava errado na faculdade. Nada a motivava. Não gostava de fotografia nem de fazer matérias externas. Não dava para entender o porquê da escolha, se aparentemente não gostava de jornalismo.

O tempo foi passando. A cada novo semestre, baixas na sala. As desistências ocorreram na medida em que as disciplinas iam exigindo mais e mais dos alunos. Alguns percebiam que não era bem o que pensavam e procuravam outros rumos. Contudo, Ana Paula seguia no curso, embora fosse evidente o enorme tédio dela em continuar com aquilo. Semestre após semestre, a turma – antes separada em “panelinhas” – começou a se unir um pouco mais. Nesse meio tempo, a aproximação natural entre os alunos fez com que os colegas, antes afastados ou isolados, pudessem se observar mais e se conhecer melhor.

Assim, chegamos ao segundo bimestre do sexto período, com apenas cinco alunos daquela turma original. Os “Heróis da Resistência” ficaram mais unidos, mais falantes, mais soltos. Os colegas se surpreenderam ao perceber que aquela menina, antes tão arredia e calada, acabou se soltando tanto que hoje é completamente diferente daquela do início do curso. Ana Paula está mais leve, mais sorridente, bem-humorada e aparenta estar em paz consigo mesma. Mas, o que teria sido a causa dessa mudança?

Ana Paula Viana Saraiva, 21 anos, nasceu em Curitiba, no Hospital Nossa Senhora do Rosário. Ela mora em Piraquara com os pais desde criança. O casal Odorico e Marilsa Saraiva tiveram dois filhos ao longo de 25 anos de casados. Allysson, o irmão três aos mais velho, trabalha como contador. A mãe, tímida e delicada, é diferente do pai, mais despojado e brincalhão.

Ana descreve que a família gosta de se reunir em festas. “Tenho poucos amigos, mas os que tenho valem ouro. Talvez não tenha mais amigos porque geralmente as pessoas acham que sou esnobe ou metida. Essa primeira impressão faz com que uma barreira seja criada”, explica.

Ana conta que aprecia escutar música em lugares calmos, assistir à seriados e ler um bom livro. Seu autor favorito é Agusto Cury, que escreve histórias de superação. 

Sua maior paixão é colecionar esmaltes. A primeira impressão é a de que o hobby é fútil, mas há uma razão pela obsessão. Aos 17 anos, Ana viajou sozinha para a casa de uma prima para passar um mês. Porém, depois de 15 dias por lá, recebeu uma ligação com a notícia que considera a mais triste da sua vida: a morte da avó. Rita Saraiva era a sua melhor amiga e, diz ela, a entendia somente com um olhar. “Até hoje sinto muito sua falta, mas ela está presente nos pequenos detalhes do meu dia a dia. Minha avó sempre me dizia que você sabe quando uma mulher é cuidadosa pelas suas mãos. E esse é o motivo pelo qual cuido tanto das minhas e tenho paixão por esmaltes”, revela. 

Ana Paula não faz planos a longo prazo, só espera ter sabedoria nas escolhas de agora para que tenha um futuro pleno e sempre pessoas verdadeiras ao seu redor. Não costuma confiar nas pessoas rapidamente e nem julgar pela primeira impressão. Aguarda pacientemente para que a própria pessoa demonstre sua essência. Segundo ela, talvez uma das explicações para o seu isolamento seja o fato de não gostar de despedidas. Acha que quando se confia rapidamente em alguém, as chances de frustração são muito grandes. Por isso, ela curte ficar mais na dela. Não chega a ser uma aversão às pessoas, mas sim, uma espécie de precaução.

Embora acredite muito em Deus, não segue nenhuma religião e nem freqüenta igrejas. Desapegada, Ana Paula não sonha em ter muito dinheiro, somente o suficiente pra viver bem e poder comprar os seus esmaltes. Pretende se casar aos 25 anos e ter apenas um filho. Gosta muito de animais e quer, assim que possível, ter dois pugs. Depois de terminar a faculdade, pretende tirar a carteira de motorista e sonha em um dia poder comprar um jipe. 

Sobre o porquê de ter escolhido o jornalismo, Ana diz que a profissão tem uma beleza que nenhuma outra tem. “Temos que ser humanos ao extremo, livres de preconceitos e sensíveis para conseguir enxergar a realidade e repassá-la da forma mais pura e singela.” 

Coincidentemente, alguém enxergou nos olhos de Ana Paula algo que o atraiu de uma forma fulminante. Há mais ou menos um ano, Leandro Martins Araújo, 23 anos, não sabe explicar com palavras o que exatamente chamou a sua atenção ao olhá-la. “Não é uma questão de formato, cor ou atributo físico. É algo que acho bonito, mas não sei exatamente o porquê. Acho que está mais na forma de olhar”, diz ele.

Quem viu a mudança na moça desde que o apaixonado namorado chegou em sua vida, aposta que Ana se modificou por amor. Afinal, o sentimento nos mostra o mundo com mais nitidez e nos ensina o sentido da vida.

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