Noviça rebelde do cabelo azul

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Perfil da repórter da Comunicaqui! Camile Kogus, escrito por sua colega Camila Nichetti

Os vendedores da loja Monalisa Artes, na Praça Rui Barbosa, em Curitiba, não imaginam que a fiel freguesa que compra todo mês um frasquinho de tinta da cor pavão utiliza o material de uma forma um pouco inusitada. Camile Kogus Alves - diferente dos frenquentadores da loja, que utilizam os produtos adquiridos ali para fazer artesanatos e decoração - usa a tinta de madeira para pintar seu cabelo de azul. “Não é o cabelo inteiro azul, só as pontinhas, queria deixa-lo inteiro azul, mas ainda não tenho coragem”, diz. É claro que ela tem muito mais a revelar do que a tintura das medeixas, embora isso seja a primeira coisa que chama atenção ao avistar a garota. A segunda é a mochila. Camile carrega de tudo ali dentro.

Nerd assumida, ela é apaixonada por games, mangás e cultura japonesa de modo geral. Por conta disso, faz cosplay. Já viveu três personagens. A menina do cabelo azul corre atrás das coisas que acredita que valem a pena e não gosta de trabalhos inacabados. Diz que o mais importante da vida é ser perseverante e, para isso, ela conta com um grande exemplo. A mãe Sueli Kogus Alves superou o câncer em 2012.
Para entender Camile hoje, é preciso voltar no tempo. Ela nasceu em Piraquara em 1994, cidade em que mora até hoje. Teve uma infância tranquila, nunca deu muita importância às bonecas. A diversão estava em brincar com seu irmão mais novo, Lucas, com coisas que seus pais caracterizavam como “de moleque”. Na escola, não tinha muitos amigos. Evitava o contato com os demais colegas, pois era alvo constante de bullying por ser magra. Ela não ligava para os apelidos, apenas evitava o contato para se proteger. Talvez venha desse período uma das principais características da personalidade dela, a de não deixar com que a opinião alheia interfira no seu modo de levar vida.

Vinda de uma família católica, desde criança foi muito ligada a igreja. Aos oito anos já era coroinha. Quando completou 12 decidiu que queria ser freira e entrar para o convento. Seus pais apoiaram, mas por precaução deixaram que ela fosse morar no convento apenas durante as férias escolares. Ela permaneceu nessa rotina por dois anos. Em um debate realizado durante um dia comum no convento, Camile percebeu que não concordava com tudo o que era necessário para seguir com a vida de sacerdotisa. Então a irmã Irene, pessoa que ela lembra com muito carinho, deu a ela um livro do autor Leonardo Boff chamado “A águia e a galinha”. Após a leitura e a reflexão, Camile deixou o convento.

Foi também na adolescência que Camile descobriu uma de suas maiores paixões, os games. O gosto surgiu ainda no convento, quando ela jogava um Nintendo 64 para passar o tempo. “Eu comecei jogando bastante RPG narrativo, pois sempre gostei de escrever e adorava criar histórias, foi nessa época que conheci uma das minhas melhores amigas, a Kellyanne Cordeiro, que mora no Maranhão”. É também do estado nordestino que Camile importa”uma de suas bebidas preferidas, o Guaraná Jesus, que nada mais é do que um refrigerante estranho com gosto de chicletes comercializado apenas naquela região. Mas voltando aos jogos, Camile precisa jogar vídeo-game diariamente, senão os seus dias não são completos, conhece a maioria dos jogos, mas seus preferidos são: Minecraft, Dark Souls II e GTA.

Fã de Blink 182, Sun 42, Modern Talking e Roupa Nova (por causa da mãe), leva os estudos a sério. Não por acaso, é a representante de turma do 6JOAN desde o início da faculdade. É daquelas pessoas que todos recorrem para um tirar duvidas sobre as disciplinas e, também, sobre as datas de trabalhos e provas (até os professores). Carinhosamente apelidada pela turma de “HD Externo”, ela não consegue aproveitar seus atributos para ter uma letra mais bonita (é bem difícil de entender o que Camile escreve, mas isso é só um detalhe). Antes de decidir cursar Jornalismo, ela pensou em estudar Geologia e Ciência da Computação, mas por conta de gostar de escrever e por ser curiosa encontrou afinidade com o Jornalismo. Depois de terminar a faculdade pretende fazer mestrado e algum curso na área dos games. Antes disso, porém, planeja descansar da agitada rotina acadêmica.

Dividida entre os afazeres da faculdade e do seu emprego no site Promoview, Camile quase não acha tempo para se dedicar ao que mais gosta: ler e assistir aos seriados. Mas seu hobbie favorito é sair com seu namorado, Raphael Mendes, nem que para isso o garoto precise ir até a faculdade e esperá-la do lado de fora da porta enquanto ela assiste as aulas. A cena, aliás, é recorrente nos corredores da UniBrasil. Isso faz do Raphael um companheiro imprescindível para Camile.

A jovem tem várias projeções para o futuro, mas depois de quase se tornar freira e hoje ter um cabelo azul, o que Camile vai fazer “amanhã” é tão imprevisível quanto o destino do frasquinho de tinta para madeira cor pavão da loja Monalisa.

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