Foi Sabrina que a trouxe para cá

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Perfil da repórter da Comunicaqui! Katheryne Louise, escrito por sua colega Natália Brückner

Juro que nunca vi, e dificilmente verei novamente em toda a minha vida, uma pessoa que contraiu dengue duas vezes. 

Dos 25 alunos que iniciaram o curso de Jornalismo na UniBrasil em 2012, cerca de oito “sobreviveram” aos calhamaços de provas e trabalhos acadêmicos até o sexto período, no qual estamos agora. Entre esses valentes guerreiros invictos da arena acadêmica, cabelos cacheados vermelhos-cereja nunca antes vistos na sala da turma, nem no campus, nem na cidade, surgem entre os veteranos do Bloco 2. Isso porque a ruiva em questão só veio parar em Curitiba há pouco mais de três meses, completando mais um pontinho demarcando nos locais nos quais já morou no mapa do Brasil.

O itinerário de Katheryne Louise Cunha de Almeida Cordeiro não segue uma trajetória linear. O sobrenome de Katheryne Louise Cunha de Almeida Cordeiro também não. Em 1993, a coisa não estava tão boa enquanto dona Guiomar esperava a filha nascer, em Paranaguá. Desempregada, teve que dar conta sozinha da menina que já viria ao mundo sem apoio paterno. A filhinha se recusava a mamar no peito, então o jeito era catar soja nas proximidades do porto para que servisse de alimento. Atualmente aposentada, a mãe de Katheryne foi a razão do itinerário que a fazia mudar de cidades constantemente ao longo de seus 21 anos. Mais exatamente, a profissão da mãe de Katheryne. Dona Guiomar segurou o perrengue e passou a trabalhar com exportação e importação marítima. Assim, Katheryne trilharia os seus primeiros riscos a caneta, metafóricos, no mapa do país e de suas lembranças intermunicipais.

Katheryne nunca foi chegada em bonecas. Mesmo fragilizada pelas convulsões que começou a ter dos quatro meses até os quatro anos de idade, que nunca foram diagnosticadas ao certo, gostava de jogar futebol até tarde com os amiguinhos perto da casa de madeira na Rua Caju, e de lutar karatê, arte marcial que era usada tanto para recreação, quanto para acertar as contas com o irmão mais velho. Aos 10 anos, Katheryne foi para Santos acompanhando a mãe. Dando voltas numa dimensão muito menor que geralmente faz, de cidade em cidade, seu momento favorito era tomar o ônibus e descer na orla da praia do Emissário para caminhar entre a brisa e os passantes, nos fins de tarde. O pai de Katheryne nunca foi muito presente. O sobrenome “Cordeiro” só lhe foi concedido quando ela completou 14 anos, e seu pai resolveu registrá-la como filha dele. Nessa época, a mãe ficou desempregada novamente, e teve que mudar Katheryne do colégio particular para uma pública. A atmosfera no novo ambiente não foi muito acolhedora, e Katheryne foi alvo de bullying. O fato de ter vindo de uma escola particular e de ser gordinha lhe rendeu uma prato de macarrão lançado contra ela.

Entre 2005 e 2009, morou duas vezes em Belém do Pará, onde contraiu dengue. Duas vezes. E depois voltou para Santos, em 2010, para fazer faculdade de jornalismo, não tendo passado no vestibular da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, onde já sonhava em morar. Como já não tinha turma para o curso de jornalismo para o qual ganhou bolsa do Prouni, “cozinhou” o curso de Relações públicas por dois anos na ESMAC. Depois se transferiu para o sonhado curso na Universidade Santa Cecília (UniSanta), e no meio do ano, se mudou para Curitiba. O interesse pelo jornalismo veio da feiticeira Sabrina, um ícone da juventude dos anos 90 que se torna jornalista no final da série homônima. Locuciona desde os 14 anos, numa rádio de cultura oriental em Santos, o que acabou lhe rendendo alguma fama e alguns autógrafos do AnimeFriends, uma das maiores convenções de animação e cultura japonesa do Brasil, em São Paulo.

Katheryne, que gosta de surpresas e vive de coragem, continua em Curitiba, por enquanto. Foi e voltou com sua mãe, sua coleção de mangás e chaveiros de celular, de lugares preferidos onde deve estar. Temos mais um ano para nos formarmos, e depois disso, pode ser que ela fique, ou que voe novamente. A única certeza que tenho é que nunca, jamais, encontrarei uma pessoa ou qualquer criatura que tenha contraído dengue duas vezes.

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